Sunday, March 15, 2009

Um Mundo Perfeito

Vale sempre a pena. E o essencial é mais uma vez uma boa história, saber filmá-la e entreter o espectador. De forma suave, sem fogos de artificio. Tudo em torno de uma moral humana sobre uma vida imperfeita em busca da absolvição. A confissão, por exemplo, não serviu de nada. No final, quem dá o melhor que tem, a mais não é obrigado. O tom de epílogo é para anunciar que acaba aqui?

Tuesday, March 03, 2009

Chuva Quente


Começou a chover à minha chegada. Não como habitualmente se espera, mas com gotas salpicadas, suficientes apenas para fazer parar o trânsito ainda mais e por mais tempo.
Por mais tempo «porque não cai toda de uma vez».
Assim se interpreta a natureza por cá.
No dia seguinte, um quinto dos trabalhadores nem sequer apareceu. E quando ao fim do dia sempre desabou toda de uma vez a chuva estival que tudo inunda, não se arrisca prever quantos vão faltar amanhã.
Mas arrefeceu.

Friday, February 27, 2009

Não Uma, Mas Duas


Não era um grande investimento. Nem sequer irá alegrar ninguém. Mas a vida continua e continuará perto do passado. Por isso são duas parcelas e não só uma. E já agora, as árvores com história de uma delas irão certamente alegrar a vida da outra. Falta ainda uma figueira, mas de figos bons daqueles que nos alimentam o repouso e a memória. Não dos locais, que não deixam saudades.

Monday, February 23, 2009

A Moldura

É um trabalho de academia datado de 1934. Não assinado, mas com menção ao nome holandês da origem. Veio de um antiquário belga com dúvidas sobre a origem. Atelier Van Halen? Não se sabe. Parece é que o trabalho do carpinteiro vai agora custar mais do que a obra de arte original.

Thursday, February 19, 2009

Silêncios Tristes


Não se sabe o que vai resultar da caixa em que vão ser colocados estes desenhos a grafite.
Retratam imagens caladas de sombras inspiradas nas tribos do Rio Omo. Sem preço ainda, suscitam reacções diferentes à mudança radical de estilo de quem as pinta. «Variety is the spice of life»?

Monday, February 09, 2009

Gran Torino


Parece que o novo filme é mais um sucesso cinematográfico. Tem tido melhor aceitação que o anterior e estreará entre nós na Primavera. Aos 78 anos, ainda há quem acredite na diversão da filmagem e na arte do entretenimento como promessa aos espectadores. Desta vez vou procurar não faltar à estreia.
O que me tocou agora não era nem um original de 1964 nem o ícone do filme. Mas era vermelho como a imagem da irreverência que consagrou a memória dos famosos convertiveis da primeira geração. Um puro sangue simples mas com raça: «the pony car».
Estava anunciado no aeroporto à chegada como um «cool car» e substituiu a reserva convencional por razões que não se conseguem explicar. Porque é que não se importam para a Europa?

Saturday, February 07, 2009

Torna-Viagem


Melhoraram com o tempo mas não aguentaram o desgaste de dez anos de uso regular. Fizeram muitas vezes as milhas aéreas de uma circumnavegação terrestre. Para os antigos territórios do Ultramar poderão ter feito meia centena de viagens. Atravessaram o Atlântico por algumas dúzias de vezes. Têm a marca das areias vermelhas africanas mais do que da chuva ou das alcatifas da metrópole.
Agora regressam para restauro na Nova Inglaterra à espera da devolução por correio expresso.

Wednesday, February 04, 2009

O Mistério


Que nos leva em pleno inverno ao sul? Nem sequer se sabia necessário o sobretudo para o vento e para a chuva. Ainda por cima com este temporal não se podem fazer os aterros dos jardins. Melhor é guardar tudo para o pino do Verão.

Saturday, January 31, 2009

A Sexta Geração


Por aqui ainda se contam as gerações de descendentes e as relações de parentesco.
Tal como por décadas a antiguidade das vinhas velhas.
Se em vez de Napoleão, a antiga senhora tivesse ordenado a classificação dos muitos «terroirs» que mandou cultivar, as vinhas que deixou na foz do Corgo estariam nos primeiros «crus». E de dez em dez, como as vinhas velhas do ponto mais alto virado a poente, também se fizeram agora vinte anos para visitar quem promove vinhos sérios, reservas, sousões e sabe cozinhar cabritos e rosbife como não terá comido o Barão de Forrester.

Monday, March 03, 2008

O Almoço

Desta vez falhei eu. Julgava que me escapava sem dizer nada mas alguma informação traiçoeira terá cancelado os ânimos. Tinha levado meses a marcar e era uma promessa muito adiada do próximo bastonário. Até houve pré-aviso no Sábado. Agora não resta senão pagar pela espera e encontrar melhor sugestão que uma lampreia.

Saturday, February 23, 2008

Os Melhores




Desde 1999 que fazem escola com a produção do melhor que se pode beber. Não falharam ainda um ano, nem mesmo o de 2002, desprezado no lançamento mas agora à altura do que se esperava. A família recebeu-nos à mesa na antiga sala da D. Antónia com a lareira acesa e um bacalhau tradicional. A ela se atribui ter dito que no "Douro é tudo bom menos o que fala". Não quem produz estes vinhos.

Saturday, February 16, 2008

Charme Tours

Não sei como conseguem. 1ª Classe confirmada sem sequer ter que passar pela lista de espera. Alguém ficará em terra. Tal como há quinze dias, em que não foi necessário passaporte. Na próxima vez tenho que perguntar pelo nome do homem da alfândega. É portista e despediu-se com um aperto de mão. Halloween Parade. Céu azul na travessia do continente.

Friday, February 15, 2008

Ronnie

«Ronnie!...»
«Yes, Sir?»
Nasceu em Goa em 1965. Não lhe consigo arrancar as receitas. Já cá está há doze anos e pouco mais sabe da lingua pátria para além do nome dos ingredientes. Não me lembro de melhor “beef curry”. Nem a mulher do Sr. Domingos faria melhor quando ainda tinha tinha o restaurante e o marido. O “sticky toffee pudding” é um work in progress - que tem feito progressos. Mas ontem acordei com saudades do bolo de amendoim. Quem diria.

Thursday, February 14, 2008

Outro Igual


Já cá está. Chegou ontem. É exactamente igual ao outro. Não se prevê cerimónia de entrega. Há dez anos estava em Londres para os feriados de Dezembro e foi necessário esperar uns dias. Agora, a notícia vem por mail e inclui fotografias. Também vai ter que esperar, abandonado mais uns dias até que o avião se confirme. Será Sábado, se houver avião. Senão, só lá para Quarta da próxima semana.

Saturday, January 19, 2008

As Vinhas do Ernie





Em média consegue colocar a bola a 300 jardas, mais coisa menos coisa, e no ano passado ganhou perto de três milhões de dólares nos fairways. Uma boa parte desses ganhos estará agora enterrada nas fiadas de videiras das colinas de Stellenbosch, encostadas às vinhas de outro produtor de bom gosto, a Uva Mira. A avó perguntou-lhe recentemente se já tinha conseguido arranjar um trabalho estável, sério, e que lhe permitisse assentar. Produz vinhos caros para a região mas de notável qualidade. A imagem também por cá não resolve todos os problemas, mas ajuda.

Friday, January 18, 2008

The Waterfront - a very fine Port




Depois de dezenas de viagens, cumpria-se uma vontade antiga. Visitar uma das cidades mais bonitas do mundo(?). Podia ficar na Europa do Norte ou no Canadá, mas dizem que o que a embeleza é ter um estilo de vida Africano. Deve ser pela imensidão do enquadramento com a Table Mountain. Ou pela permanência da colónia humana contra os ventos do Sudoeste. Ou o desafio dos surfistas e mergulhadores aos tubarões nas baías com focas e pinguins. Nunca tinha visto escarpas como estas junto ao mar nem mar como aquele junto à costa. Em pleno Verão, ainda bem que tinha um casaco bom de caxemira. As ostras eram frescas como o mar e a carne excelente. O "sticky toffee pudding" foi com um Port da zona da Western Coast. Passaria bem por um ruby ao estilo do vinho fino do garrafão de Freixo. Pirata por pirata, este não era pior.

Thursday, January 17, 2008

Bem Visto




Não há livros nem filmes que aguentem viajar para Londres de manhã, seguir para Joanesburgo à tarde, tomar o pequeno almoço nos subúrbios com os agentes locais, entregar e autenticar documentos nas autoridades locais e voltar a bordo para estar a zona do Cabo à hora do almoço. Mas que grandes montanhas, as que terão descoberto os nossos homens há quinhentos anos. Não admira que nelas vissem o medo de um Adamastor que engolia os navegantes.

Saturday, January 12, 2008

Aniversários


Fez dez anos o mês passado. Ainda recordo a entrega, à porta do escritório com o João Saraiva garboso ao lado dele, Hoje foi rebocado para reparação. Parou antes de iniciar sequer a aventura em África (Amadora não conta). Faz agora também um ano que o João Saraiva nos deixou. Bom homem, não havia como ele para acrescentar um momento de memória pessoal à compra de um carro decente. Custa-me que o próximo não venha pela mão dele.

Saturday, December 29, 2007

A Rexidora


Era o nome pelo que respondia a mãe de Javier Gonzalez, o actual Chef. Mais explicações ficarão para a próxima visita, porque desta vez a equipa estava já atarefada com os preparativos da ceia de fim de ano.

Fica na estrada de Celanova, à entrada de Bentraces, e merece uma estrela Michelin. A sala de jantar está nos baixos da antiga casa com paredes de granito austero.
Oferece uma sequência da cozinha de origem galega com evolução moderna. Discutiu-se se ganhava ao Fandiño e havia quem preferisse o Galigeo, todos nas redondezas.

Fica para a Primavera o teste trilateral e ainda a prova do que A Porta da Aira possa dar, por indicação mais uma vez do Pepe.

Friday, January 12, 2007

Mais não

A última estreia desagradou. Violência a mais. Para a explicar não se pode falar nela sem a mostrar? É demasiado Spielberg. Espero pela outra face. Mas esta associação pode ser imperdoável.

Friday, November 11, 2005

«Unknown unto God»

A homenagem do Cenothaph em Withehall é presidida como sempre pela Rainha. A oração cabe ao Bishop of London e todos os membros da Commonwealth apresentam o seu respeito, logo depois dos membros do Governo e da oposição. Em último lugar, Mozambique. Todos os anos, em memória da assinatura do Armistício naquela data e hora, quase um século atrás. Compreendem-se assim as papoilas que são usadas desde o início do mês. Homenageiam-se todos os soldados de todas as batalhas. Os veteranos desfilam em frente do monumento, caminhando sentidos em homenagem. A pé, desfilam em silêncio. Os automóveis não são para ali chamados.

Tuesday, October 18, 2005

A capital

De regresso, as luzes de toda a zona metropolitana da capital espalham-se até aonde a vista alcança. Na última edição da Wine Spectator, um bom sumário de como provar vinhos. E a referência à magna feira de vinhos que terá lugar neste fim de semana em Nova Iorque, com as melhores casas de vinhos do mundo e mais umas centenas do melhor que há. Não volto a perder uma ocasião destas. Aqui tão perto, e regresso já amanhã. No Hotel, a mesma rotina, com o acolhedor e desta vez mais caloroso «Welcome back again, boss».

Sunday, October 16, 2005

Blackened Fish

Este pode ser dos sítios mais feios por onde tenho passado. Só por obrigação se repete a visita. Tudo é enorme e a imensidão de todos os espaços perde-se de vista. A entrada e zona social do Hotel pede meças a um pavilhão gimnodesportivo. Em vez de um Portugal dos Pequeninos, os Americanos têm no Texas várias Américas dos Grandes. Surpreendentemente, o blackened red fish do Golfo do México que o Pappas Seafood serve é dos melhores peixes que por fora tenho comido. Já para não falar dos caranguejos de carapaça mole fritos por inteiro.

Saturday, October 15, 2005

The Mall

Caminhar pelo Mall entre os celebrantes do 10º aniversário da Million Men March foi mais excitante do que visitar a exposição de 18 casas com aproveitamento de energia solar que competiam por um prémio de eficiência energética em frente ao Museu de História Natural. Ganhou a casa desenhada pela Universidade do Colorado, numa mistura de desenho pouco habitável mas muito poupador de energia eléctrica. A casa da Universidade Complutense de Madrid era bastante mais interessante na concepção, com um pátio deslizante que dava para «comerse unas pipas» no Verão. Também a da Universidade de Maryland que propunha uma estética irreprensível e muito habitável, longe do conceito de contentor forrado a paineis solares de muitas outras. Para concluir o dia, e sem eficiência energética, a confirmação de que o «The Palm» ainda é um sítio onde se deve ir para comer um excelente rib eye steak e onde as lagostas do Maine nos pratos dos comensais vizinhos sabem tão bem ou melhor que as nossas.

The Rules

Não há nada como um dia inteiro por cima do Atlântico para questionar as regras da dieta. E ainda se queixam de que não há posts novos. Ora quem conheça o serviço da British Airways sabe que a resposta mais difícil à pergunta sobre se se quer queijo ou sobremesa não é dizer «ambos» mas sim «não, obrigado». Quanto à leitura, o recente best-seller «The Rules of Work» prova que a diferença se faz cada vez melhor no capítulo do marketing - senão, como pode um livro que pede aos leitores que nunca revelem tê-lo lido ser um dos mais vendidos do momento? As bolachas de manteiga de bordo também não faziam parte das regras, mas lá tiveram que ir. O Hotel está renovado e cada vez melhor. A chave do quarto é logo entregue pelo Porteiro com o habitual «Welcome back, sir», para poupar demoras. Ainda bem, já era hora de ir ao Clyde´s comer uma steak salad. «No dressing, please». E haverá alguém que me grave o jogo de logo à noite?

Friday, October 07, 2005

A titularidade

Já deu volta à cidade. Na reunião de hoje, comunicaram-me que se tinham esquecido de verificar a titularidade. A não repetir. Demorou três meses, mas chegou cá. As notícias circulam - porque acabam onde começaram - mas não muito depressa. A espera para um avião de substituição fez-se devagar. A chave para o mesmo quarto do hotel vale para 24 horas, até que chegue o novo avião. Não tem nome. Mas está registado, diz o pessoal. O que interessa mesmo é a titularidade.

Thursday, October 06, 2005

O Feitiço

Era um jogo histórico. E para a viagem levaram águas, alimentos, lençois e almofadas, com medo de alguns pós para perturbar o sono. Falava-se ainda na necessidade de ser utilizado o telefone vermelho. Mas por cima de todos os medos, vinha o do feitiço. Maior ainda do que os que deviam ter depois de saber que as viagens dos melhores jogadores da equipa adversária tinham sido pagas pelos rivais directos para o apuramento.

Tuesday, October 04, 2005

A vingança

«Era só disto que queriam falar?» Afinal, não. Ainda havia tema para mais uma conversa grande, como quem não quer a coisa. E os documentos viriam logo a seguir, o mais depressa possível. Meia hora depois, confirmava-se o envio por telefone. Iriam ser já entregues no hotel. Não foram. Foi preciso esperar que o sono fosse profundo, às 5 e meia em ponto, para que da recepção um empregado insistisse em ter a minha assinatura a comprovar o recibo da entrega. Já nem liguei, por cá tudo pode sempre acontecer. E era bem feito, estava vingado o suposto desprezo. Por mim, ainda agora tenho também os documentos por abrir. Bem feito também. Tudo porque com toda a probabilidade o empregado se esqueceu da entrega urgente na própria hora e deve ter decidido ir entregar o mais cedo possível em vez de dizer ao patrão...

Tuesday, June 21, 2005

O Arquitecto

«Como é que é, tens titularidade?» Até lá, não se poderia decidir em sentido algum. Demoravam os papéis. «Alfredo, então?» E lá voltou outra vez o ajudante cuja função era trazer papéis e desagrafá-los. «Não, esse não podem levar, que é para o arquivo». Cheio de razão, o Alfredo. O chefe concordou. «A máquina das fotocópias avariou... se quer cópias, tem que ser a pagar». Não, levamos mesmo estes papéis aqui. E lá se salvaram algumas folhas do arquivo.

Saturday, June 18, 2005

Ossos do Ofício

A nova série do The Office não é ainda apreciada por cá. Nem a antiga. Talvez o Yes, Prime Minister seja mais adequado. Ou uma mistura do Dallas com o Rei de Beverly Hills (havia uma coisa qualquer parecida com este nome...). Ou porventura mesmo a Estrada do Tabaco, do Erskine Caldwell. Tudo reunido numa profusão de festividades modernas com futebolistas e desfiles de criadores de moda (designers...), diplomatas e patrocinadores. Uma coisa era certa: o Esporão tinto estava melhor que o Cabernet Sul-Africano. Já o branco de Stellenbosch pedia meças a qualquer um congénere dos nossos.

Monday, May 16, 2005

Westheimer Road

A noite foi de filme. Com duas festas de finalistas no Hotel e limousines brancas e pretas em fila na entrada.

Friday, May 13, 2005

Bentley's

Por detrás de Picadilly, na rua que liga à Regent Street está um dos tradicionais Oyster Bar de Londres. Mesmo a propósito, a rua é a Swallow Street. Come-se um empadão só de caranguejo e um Dover Sole no melhor estilo, que só peca por acompanhar com vinhos franceses à antiga. E agora, as habituais raparigas vindas do frio leste. Depois seguiu-se uma visita à exposição temporária do Caravaggio no National Gallery para recompor dos excessos do almoço. Estava esgotado! Teria sido necessário reservar. Vou tentar omitir que me limitei, como muitos turistas visitantes, a passear pelas alas de exposição permanente e acesso livre, até que o enjôo do calor me forçou a sair para o fresco da rua à procura de uma água mineral. E depois umas pastilhas numa loja de rua. Anunciava-se apenas uma salada verde sem temperos para jantar. Também quem se prepara para dormir num hotel do aeroporto não deve ansiar por mais.

Monday, April 25, 2005

Sir Francis Man

Na Boca do Rio Arade em Portimão a água fria não metia medo a quem gosta do mar. Depois da velocidade em frente das rochas para testar o vento, valeram algumas curvas dentro do pontão para ver se era mesmo este. Era. Só faltava discutir o preço.

Friday, April 08, 2005

A Diva

Estava cheio afinal o Casino para ouvir cantar a Ute Lemper. Para alguns era mesmo para a ouvir cantar. Para outros, era mais uma vez para falar e socializar. A «miss legs» do Chicago que tinha visto em Londres há meia dúzia de anos continua em óptima forma, bem disposta e com simpatias para o público. É um gosto ouvi-la e vê-la em palco. Valeu a pena. No final, o público pediu ouvir o La vie en rose em vez do Youkali. Já tinha cantado, e bem, o Sarabaya-Johnny, a pedido de um só espectador entendido.

Monday, April 04, 2005

O Aniversário

Faz quatro anos, mais coisa menos coisa, que tinhamos passado pelo Hotel de la Cité em Carcassonne. Agora, o Chef está por cá, no Hotel da Lapa, para uma semana de degustação. O foie estava excelente e o carré também. Faltou apenas o minervois para acompanhar. A sobremesa superava a imaginação, com crepes de rebuçado cristalizado recheados com sorvete de maracujá sobre queijo branco. Já por ocasião da Páscoa de 2001, o passeio pelo Languedoc e pela Provence tinha permitido a prova de muitas coisas boas. Arles, Aix-en-Provence, Avignon e todo o Luberon têm uma luz especial nesta altura do ano. E muito melhor culinária e vinhos que a Irlanda do ano que lhe antecedera. Mas poucos e fracos campos de golfe. De todos os modos, sempre é melhor do que passar todo um jantar à conversa com o escanção do hotel.

Saturday, April 02, 2005

19:37

Morreu um dos Grandes do nosso tempo. Por teimosia de um amigo, que teimou em ir vê-lo no Domingo de Páscoa em Roma, acabei também por vê-lo ao longe, na janela habitual sobre a Praça de S. Pedro depois da missa. Em poucas palavras e com humor falou então em castelhano para a grande maioria dos presentes. Depois choveu e fez sol, e a visita ficou completa. Foi em 99. Mas a recordação aviva-se agora. Mudou o Mundo e o Mundo mudou com ele. Seguiu os passos de Cristo. Sempre. Totus Tuus.

Tuesday, March 22, 2005

«Hasta siempre Comandante»

Não foi em homenagem ao ídolo guerrilheiro desaparecido em 67 mas apenas para almoçar servido pelo D. Celestino que herdou a Casa Fandiño que se viaja hoje por Allariz. Desta vez foi necessário esperar para depois fazer as pazes a bem. O caldo galego, o polvo à feira e o cabrito não têm igual. O Martín Codax e o Hacienda Monasterio na altura também não. E mais coisas ainda vieram. De sobremesa vieram castanhas em molho de laranja (e esta?), pudim da casa e tarte de queijo no forno. Até os licores de ervas fabricados na antiga farmácia da rua ao lado da praça valeriam a viagem. Esperemos voltar antes que passe mais um ano, como desta vez.

Monday, March 14, 2005

You may be lucky but you have to be good

É a regra da vida. Dá muito trabalho ter sorte.

Sunday, March 13, 2005

O paraíso não está a Sul

Sete horas, todos os jornais e uma pilha de revistas depois, cá estou outra vez. Já só faltam mais dezassete. Com o céu descoberto, vi os Atlas, o Sahara e outros desertos, li sobre o optimismo e o pessimismo, a mulher do Tony Carreira (a sério!), o Sideways, dez cidades a visitar em Espanha nesta Páscoa, o novíssimo mini iPod, a Eva Herzigova, as comendas femininas atribuidas pelo Presidente e ainda a moderna fractura digital nas economias subdesenvolvidas. Parece que três quartos da população mundial já vive em zonas cobertas por redes telefónicas móveis. O pôr do sol à medida que se aproxima o destino por cima das nuvens trouxe a saudade de uma visita às regiões setentrionais do globo e a vontade de procurar uma aurora boreal nas terras altas da Escócia ou nas costas escandinavas.

Thursday, March 10, 2005

A lista

À volta de uma lampreia na Tasca do João perdoaram-se afinal as vezes sem conta (192?) que foi necesário dar a volta ao tacho para encontrar e distribuir os últimos pedaços da dita. Por alguns referenciado como o Papa pela sua autoridade na receita do Minho, faz desde há muitos anos o arroz como ninguém. Menos pública é a sua atitude para com o Mourinho. Mas no que toca ao prato que o celebrizou, ninguém o condenará como a Sócrates. Depois de nos explicar que já não havia mais, olhou à volta e pensou que tinha sido mal empregue o verde tinto. Também não sairia da boca dele o mote grotesco inspirado na aguardente envelhecida da mesa do lado: «Para aqui não entram caceteiros nem se receita tomar xanax». Lá estaremos para confirmar.

Wednesday, March 02, 2005

- 4º

E meia hora de atraso. Depois das reuniões, alguém me meteu dentro do Palácio de Exposições. Um senhor grande com um cartão de Berlim até me ofereceu um carro em miniatura. Dois ingleses mais novos vestidos de igual comentaram comigo a estrutura do carro, os calendários de produção, as opções possíveis e até ajudaram a escolher as combinações de cores, insistindo para a visita à fábrica, a uma hora de Manchester, para a configuração final. Desde o emerald black ao black saphire, com diferentes interiores mais claros ou mais escuros, fica-se a saber que já não há cores simples nem chega dizer que se quer um metalizado de tal. Também já não há brochuras nem catálogos. Vem tudo em CD. As meninas ainda não são em formato digital.

Wednesday, February 23, 2005

Degusto

Com ou sem sotaque, este é um lugar de escolha certa. Para lá das influências italianas - a noite também não permitia grandes entusiasmos com os italianos - é o sítio certo para jantar bem e beber melhor. A equipa que se sentava a lado, mais exímia nisso do que no que tinha feito na relva do estádio um pouco antes, também comeu e bebeu com bom critério. O Chryseia 2003 será o melhor vinho português dos próximos tempos, diz o anfitrião. É o melhor de sempre, acho eu.

Thursday, February 17, 2005

«Mo Cuishle»

Há 12 anos que lhe vejo as estreias. Quem o viu saído dos anos 60 como cowboy na aridez do Oeste e depois, nos 70, convertido em polícia maniqueista de San Francisco estaria longe de adivinhar a carreira de relator fiel da condição humana. Filmou a frieza da morte em «Unforgiven» e a capacidade paternal de um cadastrado em «A Perfect World». Agora atacou a complexidade da vida e a simplicidade da eutanásia. Não vai passar sem crítica. Mas mais uma vez deixa uma marca.

Friday, February 11, 2005

72 horas

Nunca tinha estado tanto calor. Às quatro da tarde, na plataforma do aeroporto estariam para cima de 40 graus. Na sala de espera, enquanto me carimbavam o passaporte, não havia ar condicionado. No dia da assinatura houve ar condicionado na sala enorme acabada de estrear e até fotografias para cumprir a tradição. Só faltava a gravata do director-geral que assinava do outro lado da mesa. Não era precisa, porque era Sexta-feira. De regresso ao aeroporto, as malas passaram pelas máquinas que apitavam mas não estava ninguém para ver. Também não era preciso. Outra vez na sala de espera. Afinal, o ar condicionado funcionava. Tinha era que ser ligado. Depois o embarque, a recepção com flores no avião, o regime e alguns governantes na fila da frente. O comandante desceu para cumprimentar os passageiros, a quem tratou com familiaridade. Estariam 13 graus à chegada. Nada mau.

Tuesday, February 08, 2005

Os três porquinhos e o lobo bom

Quem atacou o almoço partilhado de Terça-feira de Carnaval sabia bem que ali mesmo, no Gradil, sobrevivem protegidos alguns exemplares do lobo ibérico. E que a história dos três porquinhos cabe mais a quem passa pelo aeroporto a caminho do hemisfério Sul. E, já agora, que com grande surpresa, na sala de espera da executiva há panfletos de promoção do mesmo lobo ibérico do Gradil. E, para finalizar, que o frio que a alcateia passa sabe melhor que o calor das cabines do avião.

Tuesday, February 01, 2005

O Hotel

Quem serve o Herdade do Perdigão Branco Reserva 2003 e o Má-Partilha 2000 a copo, merece a fidelidade dos clientes para o buffet do almoço. O halibut e o salmão estavam excelentes e acompanhavam bem o branco. Também o cherne em molho de limão e alcaparras com bolhinho de tomate e cebolinho. Depois, e para surpresa pessoal, acabei por repetir a pintada. Todos os doces mereceram a prova final, e a Maria, que já trabalhou no Alfonso XIII de Sevilha antes de ser importada para cá, acabou por fazer as despesas adicionais da conversa. Faltou o bread and butter pudding de vezes anteriores. Fica para a próxima.

Tuesday, January 25, 2005

Não havia necessidade

Mais vale uma lampreia na mão do que umas perdizes a voar. Sobretudo se for bem regada, desta feita com uma Reserva da Quinta de Roriz 2000, para tirar teimas. Quando as perdizes finalmente aterraram na caçarola, tinha-se passado para o Quinta dos Quatro Ventos outra vez. E depois não queremos fazer dieta... Ah!, e antes que me esqueça, o Vintage 2000 da Ferreira também estava bom. Aliás como todos os desse ano. E mais palavras para quê? O desempate da conta favoreceu os da casa, em honra dos de Carção.

Saturday, January 22, 2005

A Quinta de Roriz

O Sr. Silveira estava à nossa espera como combinado e acompanhou-nos pelas instalações da Quinta. Tinha preparado por indicações da Senhora Doutora a prova do tinto reserva de 2001 e do vintage de 1999. Ambos impressionantes, embora o tinto lutasse contra a temperatura fria do dia. Ganhou o vintage a preferência das provas. Um vintage entusiasmante, dos melhores que tenho memória. Animados pelas descrições das vinhas e dos trabalhos da vindima não sobrou muito na garrafa. O caminho de descida para a Quinta só por si já tinha valido a visita, e mesmo sendo apropriado para um todo terreno, fez-se bem com um carro vulgar. A subir, e depois das provas, fez-se ainda com menos preocupações. Os vinhos da Quinta estão no bom caminho da qualidade e vão continuar a merecer prémios como os que têm tido em anos anteriores, a ajuizar pela boa crítica que tenho lido. Vontade não falta de voltar para a época das vindimas. Quanto ao resto do programa do dia, e pela parte que se pode contar, depois de descer ao Pinhão, foi boa a posta de vitela maronesa no Vintage House. Mas memorável mesmo foi a sesta retemperadora que se seguiu à missa do Pe. Meireles antes do jantar da confraria.

Thursday, January 20, 2005

A lampreia

Love it or leave it, não há meio termo. Esta, a primeira da temporada, estava excelente. Nem vinagre a mais nem sabor a menos. E condizia às mil maravilhas com o Reserva da Quinta dos Quatro Ventos 2001 das Caves Aliança. Por acaso, um grande vinho, emparelhado com os melhores da nossa produção. Quem diria. Dos produtores de Sangalhos. Para a próxima semana ficaram agendadas umas perdizes das sérias. Mas se houver dúvidas sobre a autenticidade das mesmas, penso que me refugio outra vez na lampreia, que agora parece que há todos os dias, mesmo sem que o senhor da Casa Gallega saiba que muito provavelmente vêem de viveiros franceses e não dos rios da fronteira minhota.

Wednesday, January 12, 2005

A corte celestial

Sentaram-se ao fundo, em mesa redonda, sobre as árvores do Parque. Não faltava nenhum dos antigos. Levantavam-se em cerimónia coordenada para a mesa dos salgados e, no fim, dos doces. Qual deles faria anos? Cumprimentei apenas um, a quem devo muita estima, e que retribuiu os cumprimentos. Não o via há muitos anos e a idade passara para todos. De todos recebi lições, e de algum deles até fui Assistente. Ali, na clássica grande sala de jantar do Ritz via-os agora como dantes no Anfiteatro 1. Longe e equidistantes - de mim e dos demais pares.